Em 2011, para deleite dos name nerds de todo o país, foi publicada pela primeira vez a lista de todos nomes registados em Portugal no decorrer desse ano. Infelizmente, só veio confirmar as minhas expectativas – os pais portugueses são previsíveis. Bastante.
A lista apresenta umas poucas centenas de nomes – muitos usados apenas uma vez – onde se pode encontrar raridades super interessantes e se demonstra como é fácil contornar as supostas “leis restritas” que regem os nomes em Portugal.
Mas fazendo umas continhas, dá para perceber que esta variedade é ilusória.
– Há 11 nomes femininos com mais de 1000 registos – ao todo, 22.2268 meninas têm nomes muito comuns.
– Há 15 nomes masculinos com mais de 1000 registos – ao todo, 24.969 meninos têm nomes muito comuns.
Tendo em conta que foram registadas 97.137 crianças, 49% têm um destes 26 nomes da moda. E clássicos como José, António, Manuel, Joaquim, Teresa, Isabel, Rita e Catarina nem sequer estão incluídos.
O estilo dos nomes no Top 26 é aquilo que gosto de chamar “betinho-medieval“. Nomes históricos e tradicionais, adormecidos durante séculos, excepto nas famílias aristocráticas, e que, a partir dos anos 80 e 90, foram redescobertos pelo resto da população. Alguns, como Martim, Matilde, Afonso, Tomás e Santiago só ganharam popularidade na década de 2000 (atrevo-me a dizer que não é fácil encontrar uma pessoa com mais de 20 anos com um destes nomes, a não ser que seja de famílias “bem”). Não há nada de errado com estes nomes, mas simplesmente estão em todo o lado.
Ter um nome muito comum pode ter muitas vantagens: não ser gozado pela estranheza do nome, encontrar facilmente coisas personalizadas, não se destacar demasiado entre os pares, ter um nome “bem visto” pela sociedade.
Mas as desvantagens são bastantes: ser chamado constantemente pelo apelido; perda de individualidade; ter um nome demasiado associado a uma geração que se torna antiquado passados alguns anos; não deixar uma impressão permanente quando se conhece uma pessoa nova.
Neste blogue vou esforçar-me para fazer publicidade aos nomes mais invulgares, aqueles que estão em vias de extinção. E apresentar sugestões para futuros pais, para que possam fazer uma decisão ponderada, consciente e informada em relação a essa grande responsabilidade que é dar nome a um novo ser humano.