Nomes Únicos: Brígida

Origem: Irlanda

Significado: “alta exaltada”

Diminutivos: Bri, Brida, Biddy, Gida, Britta

Variantes: Brízida, Brigite

Porque é Único: Nome da deusa celta do fogo, da poesia e da sabedoria (e, mais tarde, de duas santas católicas). Insere-se perfeitamente no tipo de nomes que é popular: medieval, simples, e há demasiado tempo afastado da ribalta.

Nomes Únicos: Aureliano

Origem: Latim

Significado: “dourado”

Diminutivos: Auri, Rel

No Feminino: Aureliana

Porque é único: Distinto, antigo e literário (nome de um Imperador Romano e de das Personagens do romance Cem Anos de Solidão). Talvez um pouco pesado para um rapaz, mas é mais interessante do que Aurélio. Aurélien é um fenómeno de popularidade em França.

Nomes Únicos: Aleixo

Aleixo Romanov, último Czarevich da Rússia

Origem: Grego Antigo

Significado: “protector”

No feminino: Aleixa, Aléxia, e Alexina.

Porque é único: Clássico, histórico e tradicionalmente português, mas nunca foi tão comum entre nós como em outros países (em Portugal deve ser mais fácil encontrar um Aléxis, Aléxio ou até Alexei). Tem um som doce mas o “x” dá-lhe um toque especial.

Alternativas: Tomás

A apresentadora Tânia Ribas de Oliveira está grávida e já anunciou o como se vai chamar o filhoTomás.

É uma escolha segura e pouco surpreendente. Para os papás – Tânia e João, nascidos dos anos 70/80 -, Tomás deve soar simples, elegante e mesmo invulgar, pois é improvável que se tenham cruzado com muitos ao longo da vida. Tomás é um nome bem século XXI – tão antigo que nem os velhinhos da Praça da Alegria se chamam assim.

Só espero que tenham a noção de que Tomás já deixou de ser um nome raro ou exclusivo há pelo menos 10 anos. Foi o quarto nome mais escolhido em 2011, o que significa que todos os infantários e escolas primárias deste país estão a transbordar de Tomazinhos de todas as origens e classes sociais. O pequeno vai ser crescer como o “Tomás Oliveira” (ou pior – o “Tomás filho da Apresentadora”), para o distinguir de todos os coleguinhas com o mesmo nome.

Dito isto, passemos ao que importa. Em vez de Tomás, eis alguns nomes com estilo e som semelhantes, mas que têm a vantagem de serem muito mais raros.

As Alternativas:

  1. Lucas (686) – Tal como os Top 26  Rodrigo, Guilherme e Gabriel, sempre foi muito mais comum no Brasil mas está a regressar em força a Portugal.
  2. Vicente (350)  – Outro nome antíquissimo que caiu no esquecimento e começa a ser redescoberto.
  3. Matias (163) – Partilha muitos dos sons dos nomes Top 26: o “ti” de Tiago e Santiago; o “ma” de Martim e Matilde; o “ia” de Maria e Beatriz; o “-s” de Beatriz, Inês e Tomás . É clássico, medieval e tnão tenho dúvidas que vai crescer muito nos próximos anos.
  4. Tomé (53) – a forma mais tradicional de Tomás, muito subaproveitada.
  5. Domingos (16) – Diminutivo “gente bem”: Mico.
  6. Tobias (3) – Diminutivo: Toby / Bias.
  7. Maximiliano – Um nome muito do estilo de Tomás: clássico, forte, principesco. Ainda é obscuro em Portugal, mas comum por toda a Europa e América Latina. Max ou Maxi são diminutivos adoráveis.

Alternativas: Maria e Rodrigo

Maria é um nome de origem hebraica e significado debatido – pode significar “amarga”, “rebelião” ou “amor” -, mais conhecido por ser o nome da mãe de Jesus. Foi de longe o nome mais escolhido em 2011, embora seja preciso ter em conta que ainda é muitas vezes usado como parte de um nome duplo. Sozinho, é um nome simples, histórico, elegante, internacional e sim, super comum.
Diminutivos: Mia, Mimi, Micas, Mari e Mariazinha.

As Alternativas (número de nascimentos em 2011) :

  • Sofia “sabedoria” em grego. Não se pode dizer que seja invulgar, mas certamente menos sobre-usado. (860)
  • Isabel – um dos nomes que mais se assemelha a Maria em termos de tradição e classe, com o bónus de ser bastante mais raro numa criança. (168)
  • Miriam – a forma hebraica original de Maria. (129)
  • Emília – “rival”. Alternativa para chegar a “Mia”. (37)
  • Marina – “marítima”. (24)
  • Mariama – forma latina de Maria/Miriam usada na Bíblia. (7)
  • Luzia – “luz” (6)
  • Marinha – forma de Marina, muito comum na Idade Média.
  • Mar – Porque não? Luz e Graça também são usados sem o “Maria” antes.
  • Iria – forma medieval de Irene, “paz”.

 

Rodrigo é um nome de origem germânica que significa qualquer coisa como “poder famoso”. Nome medieval por excelência, antes era visto como “nome de avozinho”, mas foi revivido nos últimos anos, talvez por influência do jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho, do actor Rodrigo Santoro e de vários “bebés celebridades” como o sobrinho de Cristiano Ronaldo. Não tem diminutivos óbvios.

As Alternativas:

  • Rui – forma medieval de Rodrigo, muito popular nos anos 60 e 70. (247)
  • Álvaro – “exército de elfos” (grande significado, hein). Como em Álvaro de Campos, Álvaro Cunhal e Álvaro, o Ministro. (36)
  • Roberto – “brilho famoso”. Toda a gente conhece, pouca gente usa. (34)
  • Rogério – “lança famosa”. Como em Rogério Samora. (14)
  • Rodolfo – “lobo famoso”. Diminutivo: Rodas. (6)
  • Ramiro – “conselho famoso”. (3)
  • Inigo – forma do nome basco Eneko, de significado desconhecido, ou do latim Inácio “fogo”.

O Infame Top 26

Em 2011, para deleite dos name nerds de todo o país, foi publicada pela primeira vez a lista de todos nomes registados em Portugal no decorrer desse ano. Infelizmente, só veio confirmar as minhas expectativas – os pais portugueses são previsíveis. Bastante.

A lista apresenta umas poucas centenas de nomes – muitos usados apenas uma vez – onde se pode encontrar raridades super interessantes e se demonstra como é fácil contornar as supostas “leis restritas” que regem os nomes em Portugal.

Mas fazendo umas continhas, dá para perceber que esta variedade é ilusória.
– Há 11 nomes femininos com mais de 1000 registos – ao todo, 22.2268 meninas têm nomes muito comuns.
– Há 15 nomes masculinos com mais de 1000 registos – ao todo, 24.969 meninos têm nomes muito comuns.

Tendo em conta que foram registadas 97.137 crianças, 49% têm um destes 26 nomes da moda. E clássicos como José, António, Manuel, Joaquim, Teresa, Isabel, Rita e Catarina nem sequer estão incluídos.

O estilo dos nomes no Top 26 é aquilo que gosto de chamar “betinho-medieval“. Nomes históricos e tradicionais, adormecidos durante séculos, excepto nas famílias aristocráticas, e que, a partir dos anos 80 e 90, foram redescobertos pelo resto da população. Alguns, como Martim, Matilde, Afonso, Tomás e Santiago só ganharam popularidade na década de 2000 (atrevo-me a dizer que não é fácil encontrar uma pessoa com mais de 20 anos com um destes nomes, a não ser que seja de famílias “bem”). Não há nada de errado com estes nomes, mas simplesmente estão em todo o lado.
Ter um nome muito comum pode ter muitas vantagens: não ser gozado pela estranheza do nome, encontrar facilmente coisas personalizadas, não se destacar demasiado entre os pares, ter um nome “bem visto” pela sociedade.

Mas as desvantagens são bastantes: ser chamado constantemente pelo apelido; perda de individualidade; ter um nome demasiado associado a uma geração que se torna antiquado passados alguns anos; não deixar uma impressão permanente quando se conhece uma pessoa nova.

Neste blogue vou esforçar-me para fazer publicidade aos nomes mais invulgares, aqueles que estão em vias de extinção. E apresentar sugestões para futuros pais, para que possam fazer uma decisão ponderada, consciente e informada em relação a essa grande responsabilidade que é dar nome a um novo ser humano.